Cientistas climáticos 3 x 0 Economistas

Retirado de Mercado Ético

Um estudo da Fundação Nova Economia (NEF), grupo de pesquisa britânico independente, avaliou a exatidão e precisão das projeções feitas tanto por cientistas climáticos quanto por economistas nos últimos 20 anos.

Primeiro, os economistas. O estudo analisou, tendo como base 1995, a previsão populacional para a Inglaterra e a projeção da dívida do Tesouro do Reino Unido.

Nos Estados Unidos, foram observadas as previsões sobre os preços do petróleo feitas pela Administração de Informação de Energia dos EUA (EIA).

A NEF descobriu que as projeções dos economistas são tanto inexatas quanto imprecisas em todas as três áreas. Os economistas colocaram a população da Inglaterra crescendo a um nível bastante modesto de 1995 até o presente – dos cerca de 49 milhões há 20 anos para 51,5 milhões agora.

Na verdade, a população da Inglaterra aumentou acentuadamente, particularmente nos últimos dez anos, e está agora se aproximando dos 54 milhões. As previsões sobre a dívida do Tesouro do Reino Unido não se saíram melhor, mostrando “um viés de otimismo nas previsões econômicas do governo”, diz o estudo.

Enquanto isso, a estimativa dos economistas da EIA foi um fracasso miserável: eles previram que os preços do petróleo subiriam em uma curva suave nos 15 anos de 1995 a 2010. Na verdade, os preços têm sido extremamente voláteis, tendo aumentado em alguns momentos em mais de cinco vezes em relação aos números previstos.

E, claro, o julgamento mais prejudicial para a competência da previsão dos economistas foi a falha de quase todos os analistas econômicos em prever a recessão de 2008.

Projeções melhores

Agora, compare isso às previsões feitas por cientistas climáticos nos últimos 20 anos, em particular aquelas feitas pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC).

Novamente a NEF analisou três áreas específicas de projeção – concentração de carbono na atmosfera, anomalia de temperatura e as previsões desde 1995 sobre o aumento do nível do mar.

“Modelos climáticos superam as principais previsões econômicas em precisão… a temperatura global, o nível do mar e a concentração de carbono aumentaram todos dentro da variação originalmente prevista [pelo IPCC] em 1995.”

Embora por um lado isso possa ser visto um pouco como uma disputa divertida entre dois temas acadêmicos, há um problema sério ocorrendo.

A NEF aponta que, apesar do histórico de previsões econômicas duvidosas, muitas decisões políticas governamentais são baseadas nesses dados oferecidos.

Enquanto isso, os céticos climáticos têm tido êxito em ressaltar as pequenas incertezas no trabalho dos cientistas climáticos – protelando a ação sobre o problema. Setores da mídia conspiram nesse processo.

“Essa ênfase sobre a incerteza tem um impacto negativo no progresso climático”, declara o relatório. “Ela retarda as políticas ambientais e reduz a vontade pública de agir.”

A NEF chama a atenção para o 5º Relatório de Avaliação do IPCC e sua estimativa revisada de certeza – de mais de 95% – de que os humanos são a principal causa do aquecimento global de 1950 até o presente.

“Esse 95% tem um significado científico preciso. É mais alto do que a certeza de que as vitaminas são boas para a sua saúde e equivalente à certeza de que cigarros causam câncer de pulmão.”

Apesar disso, o movimento de negação do clima continua a ocorrer.

“Muitas vezes, ouvimos o argumento de que os modelos climáticos são incertos demais para se dar ao trabalho de agir, mas isso não é confirmado pelos fatos”, aponta Aniol Esteban, diretor de economia ambiental da NEF.

“Não podemos tomar enormes decisões políticas e de investimento baseadas em conselhos financeiros não mais confiáveis do que jogar cara e coroa, e ao mesmo tempo desacreditar modelos climáticos com um histórico de 20 anos de precisão. Esse padrão duplo tem que acabar agora.”

Traduzido por Jéssica Lipinski

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